Considerando as nuances e controvérsias do post sobre SOP como produtor de um estado intersexo (que é diferente de ter uma DDS) pensei em fazer essa nova postagem pra marcar algumas questões pra além desse debate.
O limiar entre saúde e doença não são óbvios. Pessoas com deficiência, neurodiversas, autistas, gordas, trans e intersexo estão aí pra mostrar que mesmo precisando de cuidados, sua existência não é sobre adoecimento e sim sobre formas de ser que rompem com normatividades.
Utilizarei o termo corponormatividade para falar sobre padrões corporais reforçados pela área de saúde, embasados em ideias que constroem o ‘corpo certo’ e ‘corpo errado’.
As consequências de SOP podem ser graves e até fatais, mas algumas não são necessariamente um risco para a saúde. Infertilidade, hirsutismo (pelos), alterações hormonais e menstruais se tornam problemas dependendo de como se manifestam e da ‘demanda’ do paciente.
A corponormatividade se apresenta quando patologizam a alteração do corpo com vulva devido a produção de hormônios esteroides androgênicos, chamando de virilização ou considerando algo impraticável, e quando consideram que menstruação espaçada e infertilidade são algo que não pode ocorrer com esse corpo simplesmente porque não é a forma correta de ser (mulher) — não estou falando de casos onde essas questões acompanham outros agravamentos de saúde.
Junto a isso, muitas vezes anticoncepcionais são indicados em casos que poderiam ser tratados com outros métodos, como alimentação específica. É preciso observar a hipermedicalização com um remédio que também possui muitos efeitos negativos no corpo.
(curioso pensar como receitam hormônios ‘femininos’ de forma indiscriminada ou descuidada, mas tomar testosterona parece algo muito radical)
Obs: interessante considerar que o diagnóstico de SOP pode estar camuflando outras questões, inclusive hiperplasia adrenal congênita não clássica (variação intersexo)
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